Anfitrião Rico e
Anfitrião Pobre
Como festeiro de profissão e vocação observo discretamente
tudo ao meu redor quando chego numa festa. Observo pessoas, detalhes, roupas,
decoração, animação e mais o que me chamar à atenção (aviso que a rima não foi
combinada, foi sorte de principiante !).
A conclusão que chego e muitos já sabem disso é que pobre se
diverte incomparavelmente mais que o rico.
Festa de rico é planejada com meses de antecedência, tem que
agendar com o decorador, equipe renomada de Buffet e assessora de imprensa que sempre
tem suas agendas atribuladas. Fazer lista de convidados e ver se todos os Vips
estão disponíveis e peneirar os globais que estão na novela de horário nobre. Os
atores que estão em papéis secundários ou nas outras emissoras passarão pelo
crivo ainda, isso claro de olho nas notas na mídia que vão render e matérias
intermináveis naquelas revistas extremamente CARAS que tem ilha e castelo. QUEM
? VEJA se CONTIGO essas coisas acontecem !
Festa de pobre é planejada com... 3 horas de antecedência,
ligam pros amigos de mesma operadora de celular pra usar os bônus, deixam
recado no Orkut (???), Facebook e claro toda a vizinhança é convidada, essa é a
assessoria de imprensa mais rápida. O grupo musical que está começando é
convidado a dar uma palhinha, o DJ que namora a prima da dona da casa também
garante a diversão. Cada convidado leva uma coisa pra comer e a bebida é
dividida por todo grupo. Decorador? Tudo muito prático com as coisas colocadas
numa mesa grande pra quem quiser se servir a vontade. A mídia serão todas as
fotos tiradas pelo celular e postadas nas redes sociais incansavelmente pra
mostrar pra quem não foi que a festa bombou !
Acho que independente do anfitrião ser rico ou pobre, a forma
de receber é o que cativa e faz o convidado se sentir à vontade. Tem pessoas
que são Hostess natas e tem a capacidade de misturar convidados das mais diferentes escalas sociais e tornar a noite
animada e inesquecível.
Conheci 2 grandes anfitriãs: Dona Zica da Mangueira e a
escritora Rachel de Queiroz.
Na casa da Dona Zica, todos eram muito bem recebidos, amigos,
conhecidos ou estranhos, sempre aparecia a dona da casa preocupada se o
convidado (ou penetra) estava à vontade, bem servido, se estava tudo bem. E as
feijoadas? Era pra comer rezando, com medo do ponteiro da balança não mexer
muito, porque o REPETECO da refeição era mais que certo, tudo regado a samba de
primeiríssima, era comum num sábado desses encontrar Nelson Sargento, Delegado,
Beth Carvalho, Almir Guineto, Dicró, Leci Brandão e os meninos que estavam
iniciando carreira como integrantes do Grupo Revelação, Zeca Pagodinho, Arlindo
Cruz, Sombrinha e Ivo Meirelles com seus cabelos descoloridos fazendo Funk in
lata já. Isso varava a madrugada, e claro todos seguiam pra quadra da Mangueira
e voltavam pro café da manhã na casa da Dona ZIca na maior animação.
Quanto à escritora Raquel de Queiroz a conheci através de sua
sobrinha Letícia, e me encantei, adorava contar histórias da sua vida no interior,
passávamos horas jogando sueca, truco e conversando regado a licores, doces
maravilhosos e almoços espetaculares, TUDO da nossa fantástica culinária
brasileira, e toda hora pausa pra telefone, fax (sim sou anterior ao e-mail
confesso), cartas e telegramas (ui peguei pesado agora), horas marcadas com
jornalistas para entrevistas e todos passavam a amá-la depois que a conheciam e
o apartamento gigantesco com móveis numa mistura harmoniosa entre o clássico e
o moderno, de grife e catalogados, e ela de uma simplicidade fantástica, sem
deslumbramentos, pois se eu morasse num edifício com meu nome acho que ficaria
na frente dele, com uma placa luminosa escrita: ESSE CARA SOU EU!
As festas na casa da Dona Raquel eram bem menores, poucos
convidados, todos chegavam meio engessados, pois afinal estavam diante de uma
imortal da ABL, mas acredito que em 10 minutos já estavam completamente
envolvidos pela sua simpatia. Repito: a comida era tão boa, que ela sabendo
disso, mandava Mariângela (sua fiel cozinheira) preparar as quentinhas que os
amigos levavam sem pestanejar.
E me veio agora uma história de um amigo decorador badalado
da alta sociedade paulistana, que é mais conveniente não falar o nome
verdadeiro do rapaz que hoje é referência na área, mas o chamaremos de Senhor P.
Essa história é tão boa que a Claudia Matarazzo já o citou em um de seus
livros, mas vale à pena reviver aqui.
O Senhor P já possuía uma clientela seleta e de altíssimo
poder aquisitivo e sempre fazia jantares maravilhosos em seu apartamento enorme
e de bom gosto excepcional, eram sempre grupos pequenos e de PESO financeiro.
Num desses jantares glamourosos, no qual o cardápio era
comida mineira (mas não a comida do dia a dia, era a alta gastronomia mineira),
quando chega à hora das sobremesas, todas colocadas em belíssimas compoteiras
de cristal, os convidados encantados com o sabor, perguntam de onde são os
doces e o Senhor P inspiradíssimo levanta-se e começa seu show: “Esses doces
são da minha querida Tia Ritinha, que mora em Minas e todos os meses me manda por
um portador, grandes essas delícias pra eu recordar da minha infância. Talvez o
que vocês estão tendo a honra de degustar seja a última remessa da minha Tia
que na última carta disse estar bem adoentada e não agüenta mais ficar horas
mexendo os tachos pesadíssimos de cobre.”
Os convidados sentiram um misto de inferioridade por suas
vidas na maioria vazias e de exclusividade por terem sido escolhidos pelo dedo
de Deus para participarem daquele momento único. Na hora de irem embora, o
copeiro informou ao grupo que o elevador social estava com defeito e todos
deveriam usar o elevador de serviço. A grande surpresa do grupo foi que ao
abrirem a porta da cozinha encontraram ao lado do elevador latas cuidadosamente
empilhadas da antiga marca CICA onde uma convidada revoltada não se conteve e desabafou
pro Senhor P: ”Puxa querido, nem se preocupe com a doença da sua Tia Ritinha,
se você quiser, indico vários supermercados que também vendem TIA RITINHA !!!”
MB Produções e Eventos
"Dando Vida aos seus Sonhos"
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