domingo, 7 de abril de 2013

Censura? A “proibição” da HQ Persépolis em escolas dos EUA

Censura? A “proibição” da HQ Persépolis em escolas dos EUA




 Por Ubi Diego,
Ontem, dia 1º de abril, o Irã completou seu 34º ano como uma República Islâmica Oficial. O fato serviu como pano de fundo para um dos principais temas da graphic novel intitulada Persépolis que esteve entre as manchetes de vários jornais no último mês. O motivo, explicarei a seguir:
Há poucas semanas os jornais noticiaram o protesto da quadrinista Marjane Satrapi contra o fato de escolas americanas terem confiscado sua HQ Persépolis.
A obra auto-biográfica narra a história de Marjane, ainda criança, vendo as transformações de seu país, o Irã, durante a Revolução de 1979 e os acontecimentos poucos anos após isso. O enredo mostra tudo a partir dos olhos de uma criança ingênua, mas com certo senso crítico. O livro apresenta, com um tom de humor, uma tremenda crítica social (e política), além de apresentar um olhar “interno” do conflito Iraniano – bem contrário à visão ocidental.
Segundo o site informativo The Guardian, as bibliotecas das escolas da cidade de Chicago receberam a orientação de que deveriam devolver todos os exemplares de Persépolis a partir do último dia 15 de março. É claro que o ato desencadeou diversos protestos de professores. A Associação das Bibliotecas dos Estados unidos afirmou que o ato representaria uma violação do direito de informação. Pela internet a autora iniciou a campanha #freepersépolis.
Depois que a notícia se espalhou, o Chicago Public Schools voltou atrás na decisão e explicou que a HQ não será banida, mas retirada da grade curricular de algumas séries, já que a obra contém linguagem e imagens inapropriadas para algumas crianças (da sétima série principalmente), mas o livro estaria disponível para crianças de idade mais avançada, para que os alunos tenham maturidade suficiente e possam entender a mensagem transmitida pela obra sobre a luta pelos direitos humanos.
Em resposta, Marjane diz que os argumentos Do CPS não fazem sentido e que não há nenhuma imagem de tortura ou qualquer coisa que dê base a restrição, que a autora afirma ser vergonhosa, principalmente porque as crianças já vêem tudo isso no cinema e na internet.
Marjane Satrapi é iraniana e a primeira das 4 edições de Persépolis foi lançada na França em 2002. A série é proibida no Irã, devido a suas fortes críticas.
Em 2007, Persépolis foi adaptado para o cinema, em animação, no mesmo estilo da HQ, recebendo até mesmo indicação para o Oscar.
O principal conflito que a autora apresenta é a chamada Revolução Islâmica de 79, que se tratava de um protesto popular pela democratização do país. O evento desencadeou uma série de mudanças radicais trazendo de volta valores culturais e religiosos muçulmanos.
Em 1º de abril, o Irã foi declarado uma república islâmica, tendo como principal chefe o aiatolá Khomeini que trouxe novas leis baseadas no Islã. Logo, tais leis e a intolerância religiosa foram dando margem a novos protestos, todos citados a partir do ponto de vista da pequena Marjane que também não deixou de fora o início dos ataques do Iraque e outros conflitos.
Apesar das justificativas do Chicago Public Schools, não consigo ver a proibição da Graphic Novel, senão, como censura. Após ler a HQ, notei que realmente não há qualquer cena que “extrapole” ou possa abalar os nervos de uma criança e se a questão for mesmo o de que as crianças devam ter uma maturidade para entender sobre o que o livro trata, nada impede que elas possam ler a HQ mais de uma vez em várias fases da vida.
Persépolis é, sem dúvida, uma Obra de Arte. Uma HQ incrível e que com certeza deve ser lida por todos os admiradores da nona arte. A luta pelos direitos humanos, a crítica ao racismo e a intolerância religiosa misturadas ao humor e “ingenuidade” da protagonista tornam a leitura ainda mais prazerosa.
Acredito que as críticas contidas na obra Persépolis são propícias para o momento em que vivemos atualmente no Brasil, de certo modo, nos dando até mesmo o direito de uma leve comparação. Principalmente com as recentes notícias que lemos sobre o possível fim do Estado Laico no país, ato este que permitiria a interferência da religião nas decisões do estado. 
Assim como a pequena Marji viu seu país correndo na direção contrária do futuro e da liberdade. Pode parecer exagero, mas, quem sabe, o que vemos no Brasil seja, infelizmente, uma situação quase que semelhante.
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Tem Gente... Por Juarez Volotão


Por Juarez Volotão

Rodeados por víboras
Escroques escamoteados em máscaras de mocinhos
Vilões que golpeiam nossos corações
Nos apunhalam pelas costas 
Entram em nossas vidas mandados - pelo inferno
Mais saem, sem ao menos fazerem falta
Criaturas miseráveis que perambulam como mortos vivos
Sedentos por sangue inocente
Por mentes sadias
E por corpos resistentes
Para então...( tentarem ) sugar tudo o que puderem
Se encostam
Se disfarçam 
Invadem
Se fazem do que não são
Tem gente que encena
Tem gente que vive estando morto
Tem gente que se mata aos poucos, estando vivo
Tem gente que finge amar
Tem gente que finge ser mãe, pai ou irmão
Tem gente que desconhece o significado do essencial amor e da essência de Amar
Tem gente que machuca
Tem gente que fere
Tem gente que trai
Tem gente desumana
Tem gente demais nesse mundo
Tem gente de menos no planeta ( de qualidade e caráter )
Tem tanta gente
E nunca vi tão pouca gente
Tem gente que não nasceu para ser Gente
Tem gente que definitivamente não nasceu Gente